Um domingo em Paris

Tomates variados no mercado de Dupleix.

‘Que balada que nada! O negócio é dormir o sono da beleza sábado à noite para paquerar os feirantes domingo de manhã em Paris’, exclamou a amiga.

Domingo é dia de feira. Era assim no Rio, continuou assim em Paris. Aqui fica um pouco mais chique ‘on va au marché’, se diz. Na prática, marché e feira são a mesma coisa… Menos barulhento em Paris, talvez. Muito menos quente, com certeza. Mas isso quando falamos apenas da temperatura ambiente. Dentro das veias, o sangue ferve. Seja pela emocionante variedade de verduras  e legumes, carnes e pescados, flores e frutas. Todos  frescos, coloridos e saborosos. Para aquecer o coração de qualquer amante da boa cozinha.

Não por acaso, a feira de domingo vira o programa dos visitantes compatriotas hospedados por mim ou mesmo aqueles com quem compartilho alguns de seus momentos turísticos. Não é difícil ouvir “Ah, posso ir com você?” quando eu esclareço por que minha agenda de domingo de manhã está bloqueada: é preciso ir ao ‘marché’ e me abastecer para a semana.

Não se trata de frescura. Há coisas só encontradas nesses mercados de rua. Sejam os tomates coloridos da Bretanha ou os bolinhos de bacalhau da barraca  dos portugueses, da qual virei freguesa especial a ponto de conseguir até produtos brasileiros como massa de pão de queijo e suco de maracujá. Ainda tem as ostras, o açougueiro artesanal que me fornece a única carne de boi capaz de não me fazer ter vontade de correr de volta à minha terra –  onde tem palmeiras e canta o sabiá enquanto como picanha derretendo na boca.

Entre todas as iguarias, ainda tem a cereja do bolo. Desta vez no sentido figurado. Como bem observou uma das amigas companheiras da marcha na feira parisiense de domingo. Enquanto eu andava a olhar os peixes, ela parou a  tirar fotos sem parar de uns aipos. Achei curioso. Sem dúvida eram belos e frondosos aipos. Verdinhos e perfumados, difíceis de encontrar na terra dos transgênicos do lado de baixo do Equador… mas, tirar tantas fotos assim de um aipo?

Menina, que loucura esses feirantes“, falou-me em português e baixinho, afinal, já lhe tinha alertado sobre os 1,4 milhão de portugueses e brasileiros residentes na França. Olhei então para o vendedor dos aipos, cuja beleza estava à altura de suas verduras. Sorri. A amiga soltou a  pérola “Nossa, se eu morasse em Paris não ia perder um mercado. Que balada que nada!  O negócio é dormir o sono da beleza sábado à noite para paquerar os feirantes domingo de manhã’.  Dei-lhe então a lista completa dos mercados de Paris. Bom domingo em Paris.

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5 comentários

  1. Muito singelo e gostoso de ler, num domingo mega ensolarado do Rio, que com certeza me espanta de qualquer programa ao Sol.
    😉

  2. Visitei seu website. Li sua crônica sobre o passeio pelas feiras de Paris.
    Também gostava, quando mais jovem, de passear aos domingos de manhã pelas feira dos bairros em que morava. Encontrava conhecidos, fazia amizades e me divertia bastante, além de comprar vegetais, frutas e legumes sempre bem fresquinhos.
    Agora, não sei nem onde tem feira como as que costumava frequentar. O mais parecido que encontrei aqui perto de casa foi uma feira com animais para adoção.
    Tempos mudados!
    Um beijo.

  3. Gostei. Estarei em Paris no mês de junho. Vou seguir sua dica, feira no domingo. Muito bom. Valeu!!!

  4. Q acougueiro ê esse ?Em qual feira?Minha filha esta morando aí ha 5 anos e nao encontra uma carne descente a nao ser em lugares caros.

    1. Querida Beth, esatção Dupleix, linha 6 do metrô, todas terças e domingos. Açougueiros portugueses. Fácil de achar, só tem ele de açougueiro!