Posse. Ou: “Eu já sabia, Macron”!

Domingo passado, tivemos o segundo turno das eleições francesas. O eleito foi Emmanuel Macron, que venceu Marine Le Pen, considerada um ‘perigo’ extremista para o país. A posse é hoje (14/05). As TVs já transmitem desde os primeiros minutos desta manhã de domingo cinzenta. (ok, manhã de domingo cinzenta em Paris é pleonasmo).

No Palácio do Eliseu (Palais de l’Élysée), o Plácio do Planalto francês, já está com o tapete vermelho de 60 metros estendido, pelo qual vai entrar Macron e depois sair Hollande.

Tudo cheio de protocolo, como manda o figurino de uma posse presidencial. Todos aguardam a passagem de comando ao mais jovem presidente da história da França.

Gosto desta história de uma semana após o resultado final de uma eleição. o novo eleito já assumir suas responsabilidades. No Brasil leva dois meses, tempo que parece rápido, mas é uma eternidade no sentido de que é como ficasse uma lacuna na autoridade. Sempre me senti desgovernada nesse período entre a eleição e a posse.

E por falar em posse, decidi tomar posse de algo. Não gosto de fazer autopromoção. Aliás, um dos meus defeitos neste mundo de fama instantânea, para desespero dos meus colegas de profissão que tentam me promover.

Mas neste caso, achei importante contar aos meus leitores. Fui a primeira jornalista a falar de Emmanuel Macron no Brasil, o ano era 2014 e ele acabara de assumir o ministério da Economia. Eu era colunista do blog do Caderno Ela, do jornal O Globo e falei do ministro gato e jovem que chamava atenção.

Em 2015, voltava a falar do moço, desta vez para dar uma nota sobre sua bela mulher. Era a primeira aparição dos dois oficialmente em uma cerimônia do governo. Brigitte logo chamou atenção pela elegância, discrição e, obviamente, pela diferença de idade de 24 anos (eu coloquei errado 20 anos na matéria, mas, me deem um desconto, si vous plaît!

Para quem não é do métier de jornalismo, colunistas e blogueiros não têm muito compromisso com o aprofundamento. Temos que lançar diariamente uma informação. Nem sempre são inéditas, mas, quando são, os outros jornalistas, com mais tempo de fazer apuração, desenvolvem a história.

É o que chamamos de ‘suíte’, que também vêm do francês, ensuite, que quer dizer o que vem depois, em seguida. Na época ninguém deu bola para os dois. Voilà, agora todo mundo fala deles como uma grande novidade.

Como não trabalho mais no Globo,  eles nem aproveitaram para capitalizar com um ‘conforme antecipamos em 2014’ Emmanuel Macron é o garoto prodígio da política francesa etc e tal. Não haveria nada de mal nisso, afinal, eu trabalhava para o veículo na época e minha obrigação era levar a informação. Hoje a nota é deles. Mas há essas coisas e assim  caminha o jornalismo. Ninguém lembra, todos esquecem e segue a carruagem.

Para mim é bom ver o casal Macron em evidência agora. Ele, afinal, agora assume uma das 7 maiores economias mundiais. Ela, tem toda condição de tomar o lugar de carência de quem acompanhou o charme e carisma de Michelle Obama (ok, Brigitte Macron não tem o mesmo carisma, mas ela é francesa, mais reservada, absolvamos! E é uma mulher e tanto também).

Da minha parte, faz bem saber que  jornalista aqui continua com o faro aguçado. Poderia aqui listar uma série de notas que foram suitadas. Desde a bailarina brasileira que é a primeira do Lido e depois foi procurada por outras mídias brasileiras, até o aplicativo de garotos bonitos do metrô, que inspirou o Fantástico a fazer uma matéria sobre os gatos do trem da Central no Rio. Sem contar a nota sobre a cueca de renda, copiada e colada na maior cara de pau pelo Catraca Livre e por aí vai.

E não há problema nisso,  a questão é que nem todos dão crédito. Mas isso também não tem a menor importância diante da constatação que o feeling de jornalista continua em forma (sem contar as provas que estão aí). Quem me acompanhar por aqui, continuará a saber,

Boa sorte a Macron, boa sorte a Brigitte. E da minha humilde parte,neste dia de posse, eu só levanto minha plaquinha  onde está escrito ‘eu já sabia’!